Giovanna Silva mora na comunidade Morro do Piolho e conquistou uma bolsa de estudos na Amherst College, Massachusetts
Giovanna Silva, 18 anos, é moradora da comunidade Morro do Piolho, no Capão Redondo, zona sul da capital paulista, e conquistou uma bolsa de estudos integral no Amherst College, Massachusetts, nos Estados Unidos.
“Sinto que a classe média alta detém as melhores chances de estudos, mas mesmo para quem tem condições financeiras, estudar no exterior é difícil, imagina para alguém da periferia?!”, diz.
Com embarque previsto para 2023, Giovanna pretende cursar ciências políticas no próximo outono. “Eu vi na educação um meio de ter novas possibilidades. Acredito que estudar pode quebrar barreiras, mas também vai me levar aos lugares com os quais sempre sonhei”, diz. “Agora, sou a primeira da família a ir para a faculdade e, mais, no exterior,” comemora.
Ao receber a notícia da aprovação, Giovanna desacreditou. “Foi surreal! Quando eu paro e penso em como foi a minha criação, não dá pra acreditar que cheguei lá!”
E a expectativa é grande, não só para a estudante como para toda a sua família. “É algo novo para todos nós. Sei que será um caminho com desafios, com a adaptação ao idioma, a imersão na cultura americana e tudo isso sozinha.”
A experiência é compartilhada pelo paulista Kelvin Camargo, 24 anos, que nasceu no bairro da Ponte Rasa, zona leste da cidade de São Paulo. Atualmente, ele mora em Denver, no estado do Colorado, no oeste dos Estados Unidos. Formado em gestão pública pela USP (Universidade de São Paulo), ele faz mestrado em desenvolvimento internacional e deve complementar os estudos com uma especialização em educação na Universidade de Denver.
“Eu fui estudante de escola pública, sou a primeira geração da minha familia a chegar a uma universidade”, conta.
“Sempre sonhei que quando pudesse escolher a minha profissão, eu concentraria os meus esforços para retribuir o que a escola pública fez por mim, quero tentar melhorá-la”, diz. “Eu vivi aquela realidade e, na minha concepção, acredito que tenho potencial para poder intervir”, declara Kelvin.
Giovanna e Kelvin fazem parte dos alunos apoiados pelo EducationUSA, instituição ligada ao Departamento de Estado norte-americano, e pela missão diplomática dos Estados Unidos no Brasil. A rede também promove uma feira virtual gratuita que auxilia estudantes brasileiros a obterem um diploma internacional nas universidades americanas. Para mais informações de como participar dos eventos, acesse o site.
Uma dica para quem pretende estudar fora do país sem sustos é buscar informações diretamente com as instituições de ensino. De acordo com o pesquisador de imigração americana, Rodrigo Lins, o estudante brasileiro deve prestar atenção no momento da solicitação do visto. “O primordial é contactar a escola ou universidade em que pretende ingressar nos EUA e buscar informações sobre custos, coberturas, prazo para o término do curso”, diz.
Outro ponto é fugir do famoso “jeitinho brasileiro”. “O estudante não deve buscar a ajuda de despachantes, youtubers ou de pessoas que não tenham licença para dar aconselhamento jurídico nos EUA. Essa prática, muitas vezes fraudulenta, tem gerado prejuízo a quem tenta estudar fora”, esclarece Lins.
Para Alfredo Freitas, especialista em educação e tecnologia e diretor da universidade americana Ambra University, o processo de migração física será retomado normalmente nos próximos anos após esse momento de pandemia.
“Também observamos que houve um aumento da qualificação via internet, o que facilita a vida das pessoas que buscam inverter o processo: a instituição de ensino dos Estados Unidos chega via internet sem que haja deslocamento físico do estudante e com um investimento menor para estudar”, explica.
“O diploma internacional é bom e importante para o destaque profissional, mas não são todos os cursos ou instituições que agregam para a ascensão profissional”, alerta. “Certamente, um diploma de uma universidade com excelência acadêmica é um grande diferencial para profissionais que trabalham no Brasil, também ampliará as chances de contratações e negócios com empresas de outros países”, conclui.
Fonte: R7 – Alex Gonçalves Foto: https://www.amherst.edu
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