Corpo de Bombeiros ainda busca cinco pessoas desaparecidas após forte chuva devastar o município no último dia 15
As chuvas e os deslizamentos registrados em Petrópolis em 15 de fevereiro resultaram em ao menos 231 mortes, de acordo com a Defesa Civil Nacional. As buscas por cinco desaparecidos seguem em andamento, embora os trabalhos tenham sido encerrados no Morro da Oficina. A situação supera a então mais trágica da história do município da serra fluminense, de 1988, quando foram registrados 171 mortos, segundo dados da Defesa Civil da cidade.
Entre os mortos da tragédia mais recente, mais de 40 eram menores de idade. Segundo o balanço mais recente, das 20h de segunda-feira (28), 876 pessoas estão desabrigadas ou desalojadas.
Pelo menos 24 pessoas foram resgatadas com vida, além de cerca de 300 animais domésticos.
Neste século, a maior tragédia havia ocorrido em 2011, com 71 mortos em Petrópolis e mais de 900 na serra fluminense (a maioria em Nova Friburgo, 428 mortos, e Teresópolis, 387), segundo o Atlas Brasileiro de Desastres Naturais.
De acordo com dados compilados pela Defesa Civil de Petrópolis, de 1966 a 2017, foram registradas vítimas em 1966 (80 mortos), 1977 (11), 1979 (87), 1988 (171), 1997 (6), 2001 (51), 2003 (17) 2007 (3), 2008 (9), 2009 (6), 2010 (1), 2011 (73), 2013 (34), 2016 (2) e 2017 (1).
Segundo o “Plano de contingência do município de Petrópolis para chuvas intensas – Verão 2021/2022”, elaborado pela Defesa Civil municipal, há relatos de inundações na cidade desde 1850, porém os casos se tornaram mais graves no século seguinte, especialmente com o avanço da urbanização para áreas de encostas.
“As características geológicas, o processo de urbanização e a ocupação do solo, além das alterações físicas e naturais nas regiões dos cinco distritos, reforçam a condição suscetível a movimentos de massa, principalmente quando há o incremento dos índices pluviométricos”, aponta o plano. “Petrópolis, nas últimas décadas, vem sofrendo uma intensa expansão urbana, sem um planejamento adequado do uso do solo. A ocupação desordenada nas áreas de encosta da cidade, com construções de edificações sem acompanhamento técnico especializado, associada à falta de percepção de risco da população e à condição social existente, é uma realidade que potencializa o grau de risco em relação aos eventos de movimentos gravitacionais de massa, enchentes e inundações.”
O relevo também é um fator relacionado às fortes chuvas na cidade. “O relevo de Petrópolis atua como fator importante no aumento da turbulência do ar, principalmente na passagem de frentes frias e linhas de instabilidade onde o ar se eleva e perde temperatura, ocasionando fortes e prolongadas chuvas. A posição geográfica de proximidade com o trópico permite uma forte radiação solar, e a proximidade com a superfície oceânica, aumentando o processo de evaporação, que favorece a formação de nuvens que irão se precipitar sobre a região”, destaca o plano.
A cidade fica em uma serra, a cerca de 840 metros de altitude média. A população total estimada é de 307,1 mil habitantes, segundo o IBGE.
Quase 20% do território de Petrópolis abrange áreas avaliadas como de risco alto e muito alto para deslizamentos, enchentes e inundações, segundo o Plano Municipal de Redução de Riscos, divulgado em 2017 pela prefeitura. De acordo com o estudo, a cidade tem 27.704 moradias em locais de alto e muito alto risco.
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Fonte: R7, por Agência Estado
Foto: FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL
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