Operação ocorre no Espírito Santo e Minas Gerais; agência de turismo intermediava interessados e coiotes por US$ 25 mil
A Polícia Federal realiza nesta sexta-feira (4) uma operação contra um grupo que promovia emigração ilegal para os Estados Unidos e falsificação de selo ou sinal público. São realizados dois mandados de busca e apreensão nas cidades de São Francisco, no Espírito Santo, e Central de Minas, em Minas Gerais.
Segundo a PF, o principal investigado teve de entregar o passaporte à corporação e precisará pagar uma fiança de 50 salários mínimos, por decisão da Justiça Federal de Colatina, no Espírito Santo. O valor deverá ser recolhido em 48 horas, por depósito judicial. Caso o suspeito não cumpra a determinação no prazo, será expedido mandado de prisão contra ele.
Durante a operação desta sexta (4), que recebeu o nome de “Cristo Rey”, 16 policiais federais também atuaram para recolher novas provas para a conclusão das investigações.
Em 2021, a PF recebeu a denúncia de que uma agência de viagens de Barra de São Francisco fazia a intermediação entre interessados em entrar nos Estados Unidos e os chamados coiotes, que fariam o transporte ilegal deles ao país a partir da fronteira com o México.
A empresa cobrava US$ 25 mil por pessoa, valor que cobria todo o processo. O serviço incluía confecção e retirada de passaporte em São Paulo, passagens com embarque em Guarulhos e chegada aos Estados Unidos sem sobressaltos alfandegários. Os contratos eram identificados com símbolos da PF. Advogados norte-americanos eram contratados para atender imigrantes detidos e estudar formas de manipular as regras migratórias.
A apuração preliminar realizada pelo Oficialato de Ligação da PF na cidade de El Paso, no Texas, contou com o apoio da unidade de inteligência da US Border Patrol e da Adidância da PF em Washington. Nessa fase, os policiais coletaram diversos dados, como valores cobrados, pessoas envolvidas no exterior, locais de embarque e permanência de migrantes e estratégias para a entrada ilegal nos Estados Unidos.
Os envolvidos poderão responder por promoção de migração ilegal, associação criminosa e fabricação de selo ou sinal público. Se condenados, a pena pode chegar a 14 anos de reclusão.
A operação recebeu o nome de Cristo Rey em referência ao monte do mesmo nome, que é livre de muro na fronteira entre o México e os Estados Unidos, em El Paso. A área é de propriedade da Igreja Católica, que impediu a construção da separação, e por isso o local é muito usado pelos coiotes que fazem o transporte ilegal de migrantes.
O Espírito Santo é o terceiro estado brasileiro em número de emigrantes ilegais. Minas Gerais e Rondônia são as unidades da federação com o maior número de situações do tipo.
A PF informa que as regras migratórias norte-americanas não foram flexibilizadas e que a travessia ilegal pela fronteira mexicana é cara e traz riscos às pessoas. “As organizações criminosas dedicadas a essa atividade não têm nada a perder. Há inúmeros relatos de agressão, estupros, furtos e até mesmo abandono dessas pessoas no deserto americano pelos coiotes”, declarou a corporação. A polícia relembrou o caso ocorrido em setembro do ano passado no Novo México. Na ocasião, o corpo de uma brasileira de 49 anos foi encontrado em uma área de deserto por agentes norte-americanos.
Fonte: Lucas Nanini, do R7
Foto: POLÍCIA FEDERAL/DIVULGAÇÃO
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